domingo, 5 de agosto de 2012

"A fé não é um projeto, mas encontrar a Cristo como pessoa viva"

"A fé não é um projeto, mas encontrar a Cristo como pessoa viva"

No Ângelus de hoje, Bento XVI exortou os fiéis a não pararem nas
preocupações materiais cotidianas, mas aceitarem os planos de Deus e
melhorarem o relacionamento com Ele.

CASTEL GANDOLFO, domingo, 5 de agosto de 2012 (ZENIT.org) – Às 12h de
hoje o Santo Padre Bento XVI, da varanda pátio interno do Palácio
Apostólico de Castel Gandolfo, recitou o Ângelus com os fiéis e
peregrinos presentes.

Estas são as palavras do Papa na introdução da oração mariana:

***

Queridos irmãos e irmãs,

Na Liturgia da Palavra deste domingo continua a leitura do capítulo 6º
do Evangelho de João. Estamos na sinagoga de Cafarnaum, onde Jesus
está dando o seu famoso discurso depois da multiplicação dos pães. As
pessoas tentaram fazê-lo rei, mas Jesus havia se retirou, primeiro
sobre o monte com Deus, com o Pai, e depois em Cafarnaum.

Não vendo-o, começaram a buscá-lo, subiram em barcas para chegar à
outra margem do lago e finalmente o encontraram. Mas Jesus sabia bem o
motivo de tanto entusiasmo ao segui-lo e também o diz com clareza: vós
"me procurais não porque vistes sinais [porque o vosso coração ficou
impressionado], mas porque comestes dos pães e ficastes satisfeitos"
(v. 26).

Jesus quer ajudar as pessoas a ir além da satisfação imediata das
próprias necessidades materiais, também importantes. Quer abrir-lhes
um horizonte de existência que não é simplesmente aquele das
preocupações cotidianas do comer, do vestir, da carreira. Jesus fala
de uma comida que não perece, que é importante buscar e acolher. Ele
afirma: "Trabalhem não pela comida que não dura, mas pela comida que
permanece para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará" (v. 27).

A multidão não entende, acredita que Jesus pede a observância dos
preceitos para poder obter a continuação desse milagre, e pergunta: "O
que devemos fazer para realizar as obras de Deus?" (V. 28). A resposta
de Jesus é clara: "Esta é a obra de Deus: que creiais naquele que ele
enviou" (v. 29). O centro da existência, o que dá sentido e firme
esperança no caminho muitas vezes difícil da vida é a fé em Jesus, o
encontro com Cristo. Também nós perguntamos: "O que devemos fazer para
herdar a vida eterna?". E Jesus disse: "acredite em mim."

A fé é a coisa fundamental. Não se trata aqui de seguir uma idéia, um
projeto, mas de encontrar a Jesus como uma Pessoa viva, de deixar-se
envolver totalmente por Ele e pelo seu Evangelho. Jesus convida a não
parar no horizonte puramente humano e a abrir-se para o horizonte de
Deus, para o horizonte da fé. Ele exige uma única obra: acolher o
plano de Deus, ou seja, "crer naquele que ele enviou" (v. 29).

Moisés tinha dado a Israel o maná, o pão do céu, com o qual o próprio
Deus tinha alimentado o seu povo. Jesus não dá qualquer coisa, dá a Si
mesmo: é Ele o "verdadeiro pão que desceu do céu", Ele, a Palavra Viva
do Pai; no encontro com Ele encontramos o Deus vivo.

"O que devemos fazer para realizar as obras de Deus?" (V. 28) pergunta
a multidão, pronta para agir, para que o milagre do pão continue. Mas
a Jesus, verdadeiro pão da vida, que satisfaz a nossa fome de sentido,
de verdade, não é possível "ganhar" com o trabalho humano; só vem a
nós como um dom de Deus, como obra de Deus, que deve ser pedida e
acolhida.

Queridos amigos, nos dias carregados de preocupações e de problemas,
mas também naqueles de descanso e relaxamento, o Senhor nos convida a
não esquecer que, se é necessário preocupar-nos pelo pão material e
restaurar as forças, ainda mais fundamental é fazer crescer a relação
com Ele, reforçar a nossa fé naquele que é o "pão da vida", que enche
o nosso desejo de verdade e de amor. A Virgem Maria, no dia em que
lembramos a dedicação da Basília de Santa Maria Maior, em Roma, nos
sustente no nosso caminho de fé.

[Traduzido do Italiano por Thácio Siqueira]

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