sábado, 30 de junho de 2012

Solenidade de São Pedro e de São Paulo


Solenidade de São Pedro e de São Paulo
Por Dom Antonio Carlos Rossi Keller

Desde o século III que a Igreja une na mesma solenidade os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, as duas grandes colunas da Igreja.
Pedro, pescador da Galileia, irmão de S. André, foi escolhido por Jesus Cristo como chefe dos Doze Apóstolos e constituído por Ele como pedra fundamental da Sua Igreja. Foi o primeiro representante de Cristo na terra. Apesar da sua fragilidade, pela sua grande amizade ao Senhor, foi escolhido para apascentar o rebanho de Jesus Cristo.
Paulo, nascido em Tarso, na Cilícia, de uma família judaica, não pertenceu ao número daqueles que, desde o princípio, conviveram com Jesus. Perseguidor dos cristãos, converte-se pelo ano 36, a caminho de Damasco, tornando-se desde então Apóstolo apaixonado de Cristo. Ao longo de 30 anos, anunciará o Senhor Jesus, fundando numerosas Igrejas e consolidando na fé, com as suas Cartas, as jovens cristandades.
Figuras muito diferentes pelo temperamento e pela cultura, viveram, contudo, sempre irmanados pela mesma fé e pelo mesmo amor a Jesus Cristo. S. Pedro, na sua maravilhosa profissão de fé, exclamou: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo». E, no seu amor pelo Mestre, disse-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu Te amo». S. Paulo, por seu lado, afirmou: «Eu sei em quem pus a minha confiança», ao mesmo tempo que afirmou, como expressão do seu amor: «Para mim viver é Cristo e morrer é um lucro» (Fil, 1,21)
Depois de ambos terem suportado toda a espécie de perseguições, foram martirizados em Roma, durante a perseguição de Nero, regando com seu sangue a mesma terra, «plantaram» a Igreja de Deus. Passados dois mil anos, continuam a ser «nossos pais na fé». Honrando a sua memória, celebramos o mistério da Igreja fundada sobre os Apóstolos e pedimos, por sua intercessão, perfeita fidelidade aos ensinamentos apostólicos.
Pedro deixa tudo, família, barco, casa, as redes de pesca, para seguir inteiramente a Cristo. É este amor a Jesus Cristo que lhe dá total confiança no perdão do Mestre, após as suas negações. Após a Ressurreição, ele terá oportunidade para confessar o seu amor a Jesus por três vezes: «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo» (Jo 21, 18). Ele dá, finalmente, a maior prova de amor a Jesus, morrendo crucificado em Roma.
Paulo, no encontro com Cristo no caminho de Damasco, rende-se totalmente e Jesus torna-se a sua razão de ser e o motivo profundo de todo o seu trabalho apostólico: «A vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a Si mesmo se entregou por mim» (Gal. 2,20). S. Paulo vive de Cristo e com Cristo: entregando-se a si mesmo, toda a sua glória está na crua de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nas suas Cartas, depois do nome de Deus, que aparece mais de 500 vezes, o nome que é mencionado com mais frequência é o de Cristo (380 vezes). A nossa pertença radical a Cristo deve infundir em nós uma atitude de total confiança e imensa alegria: «Se Deus está por nós, quem contra nós? (Rom. 8, 31); ninguém «poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rom. 8, 39); «tudo posso n’Aquele que me conforta» (Fil. 4, 13).
Esta solenidade de hoje proporciona-nos uma bela oportunidade para meditar no amor à Igreja e ao Papa. Onde está o Papa, aí está Pedro; e onde está Pedro, aí está o Vigário de Cristo, o «Doce Cristo na Terra» (S. Catarina de Sena), aí está a Igreja, esposa de Cristo. «Ninguém pode ter Deus como Pai se não tiver a Igreja como Mãe».
Em resposta à profissão de fé de S. Pedro, feita em nome de todos: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo», Jesus disse-lhe: «Tu és Pedro (isto é rochedo) e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo quanto ligares na terra será ligado no Céu; e tudo quanto desligares na terra será desligado no Céu» (Mt 16, 18-19).
A Igreja, que é uma só, pois Cristo fala no singular «a minha Igreja», está fundada sobre este único alicerce.
S. Paulo, na Carta aos Efésios, lembra-nos que Cristo «amou a Igreja, entregou-se por ela para a santificar, purificando-a no Batismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a si mesmo, como Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e imaculada» (Ef. 5, 25-27).
O amor à Igreja é consequência da nossa filiação divina: somos filhos de Deus porque Cristo fundou a Igreja que nos fez renascer pela água e pelo Espírito santo para a vida divina. Quais as obrigações de um filho para com sua mãe? Amor, respeito, docilidade, veneração, obediência, carinho e piedade filial.

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